Receitar um medicamento, conseguir o resultado que se pretende (melhorar o Doente), e a um baixo custo é sem dúvida o ideal. Porque fazê-lo com um medicamento mais caro se é possível o mesmo resultado com um mais barato?!? É de tal modo ilógico que até dói !

   De facto, é o que se pretende com a introdução dos genéricos. Tratar bem e mais barato. Todos lucramos - Doentes, Médicos, Estado e Nação.

   Instituir isto, ou aplicar esta resolução é que está a ser complicado. Os métodos que se estão a utilizar, estão a prejudicar o objectivo final, baralhando e tardando a sua consumação. Senão vejamos:

   Primeiro é o problema da "cruzinha" - totobola - que não se sabe se é para o "sim" ou para o "não" da alternativa de autorizar ou não os genéricos. E depois, será que ninguém pode alterar a cruzinha, pondo-a se ela não tiver sido posta pelo Médico quando passou a receita ???? Que garantias há de que isto não aconteça??? Estará a Polícia Judiciária preparada para tanta peritagem de tintas de esferográficas ou canetas, em caso de haver que apurar responsabilidades ???

   Parece-me que irá haver muitas complicações, para além de ter que se refazer todo o receituário, o que não é barato. Afinal estamos a falar de custos.

   Vários Hospitais (inclusivé o meu) já apostaram, e bem, em acções de formação e elucidação à introdução dos genéricos que o Infarmed está habilitado a fazer com muito bom resultado. Era importante ver isso nos Centros de Saúde também.

   Este é que me parece ser o caminho correcto para levar os meus Colegas, que ainda não estão despertos ou esclarecidos, a utilizar os genéricos.

   Deixemo-nos de "totobolas". O Médico sabe muito bem, ou terá de vir a saber, se deve receitar um princípio activo se o houver, ou um medicamento de "marca" se não houver o respectivo genérico. Responsabilizemo-lo por isso, e até já existem há anos mecanismos de controle do receituário através das vinhetas. Para quê as cruzinhas??? Só se se pretende a celeuma e a confusão que já está instalada para qualquer outro fim!!

   Não é com guerras através dos media, ou com sanções de suspensão, prisão, etc... como já ouvi alvitrar por aí, tentando fazer regressar o tempo do PREC que teve a sua importância na altura própria, e tão só. Em minha opinião, estas acções só servem, como já referi, para atrasar ou adiar o processo de utilização dos genéricos.

   Outro problema da nossa vida Portuguesa, é quererem que "a carroça ande à frente dos bois" mais uma vez. Há muito poucos genéricos disponiveis na Farmácia. Após a formação que fiz, passei dez receitas seguidas com os princípios activos apenas. Oito desses Doentes voltaram para trás dizendo que não havia na Farmácia, e tive de passar similares de "marca". Fiquei siderado pelo espanto!!! Passamos os genéricos e afinal não existem. A outros Colegas aconteceu exatamente o mesmo.

   Preocupado com isto pedi um Índice Terapeûtico de Genéricos (livrinho onde estão todos os medicamentos genéricos), e quando mo entregaram... nova "espantação"!!! A grossa maioria dos genéricos está de facto no Índice mas... "out of stock" (fora de stock), não existe ainda no mercado para ser disponibilizado às Farmácias !!!

   E esta hein !! Diria o saudoso Fernando Pessa.

V.C.em 01/09/2002