É sabido que ao Serviço de Urgência devem acorrer esses mesmos casos de urgência ou emergência, em que a situação clínica a não ser reparada de imediato, faz perder a Vida ou parte do corpo humano, como no caso de uma gangrena ou uma fractura exposta.

   Os diferentes Serviços de Urgência dos nossos Hospitais, estão de um modo geral bem equipados técnica e humanamente para enfrentar e resolver a grande maioria dessas situações. O custo suportado pelo Estado para isso, é de cerca de 125€ (25.000$) por Doente que aí acorre num Hospital de âmbito Distrital, sendo nos H. Centrais o custo mais elevado. No entanto num SAP (Serviço de Atendimento Permanente) ou num SADU (Serviço de Atendimento de Urgência) esse custo desce para 25€ (5.000$).

   A natureza técnica da diferenciação disponível nos Serviços de Urgência, bem como o equipamento, tem a ver com as caracteristicas próprias de cada Hospital e respectivo âmbito a que se destina (H. Central, Distrital... etc).
Os recursos humanos (médicos, enfermeiros, técnicos...etc) de que esses S.U. estão dotados são determinados superiormente e com base numa real necessidade de prestação de cuidados de EMERGÊNCIA às populações com recurso a estudos estatísticos. Normalmente são suficientes para esse fim.

   De facto NÃO somos suficientes para o atendimento massivo de "consulta normal" que somos obrigados a fazer nos S.U., que advém da desculpa demasiado badalada que "os cuidados básicos (Médicos de Familia) não chegam para as encomendas, e que temos de ser nós no S. de URGÊNCIA a resolver estes problemas". Sem ter condições para isso pois como muitos dos exames de rotina e/ou recursos técnicos para uma consulta externa não existem disponiveis no S.U., somos obrigados a explicações sem fim, normalmente mal ou não aceites.
   Tudo isto com detrimento sequencial da qualidade de atendimento das situações de Emergência (afinal a razão da existência do tal S.U.) uma vez que estamos ocupados, cansados, enervados e com falta de disponibilidade mental ao fim de poucas horas. (Nestas condições a argúcia e a rapidez de acção desaparecem independentemente dos conhecimentos que se possa ter - somos também seres humanos apesar de tudo!!)

   Repare-se que assim é a Equipa de Urgência que massivamente passa por "mau carácter" (não querem resolver a situação), e "incompetentes" (não "atinaram" com o diagnóstico nem explicaram nada do que o Doente tinha) quando as situações clínicas que levam os Doentes ao S.U. dos Hospitais, não são para aí serem resolvidas de facto, mas sim em consulta externa, SAP ou SADU.
   Para além do mais, também somos honorados pelos nossos superiores, com a culpa do excessivo dispêndio económico aí (S.U.) existente, embora nada seja feito por quem de direito e de dever, para que se reorganize esta afluência maciça aos S.U. onde como referi, e no caso local que conheço, cada Doente que entra no S.U. custa ao Estado 125€.

   « Claro que dá jeito ir ao S.U. do Hospital onde se fazem logo Análises, Rx e TAC em pouco tempo apesar de tudo. O que são 3 ou 4 horas se pelas vias normais isso demora semanas !! Quanto aos Doentes realmente urgentes, tipo hipótese de enfarto de miocárdio, esses que "esperem na fila pela sua vez" ou então que "gritem para chamar à atenção", como já ouvi utentes (e não Doentes) dizer. »

   Pergunto-me, dado o actual estado da arte dos S.U. dos Hospitais, se não seria mais útil fechar tudo quanto é consulta externa, SAP, SADU... etc, e canalizar todos os recursos humanos e técnicos da Saúde para um MEGA-S.U., tipo "HIPERMERCADO de Urgência" !?!

V.C. em 30/05/2002