Caravanismo

Uma opinião

A caravana é cada vez mais um instrumento de lazer, e agora quase sempre conotada com o gozo de férias e grandes passeios. Longe vão os tempos em que apenas os saltimbancos a utilizavam como habitação por força da profissão errante.

Creio que a mística da aventura nómada será um dos factores que está na base do que é hoje o caravanismo. Senão vejamos. Não há dúvida que passear é um prazer, tanto mais que no dia a dia das nossas vidas não temos oportunidade para isso, por força dos compromissos próprios da profissão. Conhecer lugares e gentes diferentes, além de melhorar a nossa cultura geral, permite-nos equacionar de um outro modo o conhecimento do ser humano e das suas relações. É frequente nestas circunstâncias, notarmos que mudámos de atitude e estamos a ser diferentes. Ainda que temporária, esta mudança é muito saudável e libertadora para o nosso espírito. O contacto com a natureza catalisa esta reacção.

Também a noção de Família, que todos temos, toma no campismo uma forma bem mais real e verdadeira. Distribuem-se as diversas tarefas por todos os elementos da família ou por grupos deles. Lavar a louça, por exemplo e na minha opinião, é uma tarefa ingrata e insossa quando executada isoladamente. Não temos com quem resmungar ou a quem molhar (in)advertidamente.

Com uma caravana podemos levar algumas das comodidades caseiras de que não estamos dispostos a abrir mão. Sejamos imaginativos, o quanto quisermos, na hora de programar a passeata. Tomar uma refeição de garfo e faca em pratos de vidro é sempre mais agradável. Por outro lado, não se consegue saborear convenientemente um bom vinho em copos de plástico ou de papel. Não quero com isto dizer que se deva levar um serviço de mesa para doze pessoas, pois não haverá espaço para tanto. Além do mais, é tradicional no campismo que quem é convidado para comer, traga consigo o banco, o prato, o copo e o talher. Se não consegue dormir bem em saco-cama, os lençois e cobertores devem então fazer parte do equipamento base da sua caravana.

Antes de sair certifique-se sempre de que os orgãos de segurança quer do seu automóvel, quer da caravana estão em boas condições. Não se esqueça de que o que leva atrás do seu carro, não pode ser mais pesado do que ele próprio. Não basta ter potência de motor.

Escolha locais que gostasse de conhecer com base em informações de pessoas conhecidas ou amigas, e de preferência longe do cimento armado. Conheça a Costa Alentejana e a Costa Vicentina, por exemplo, onde há bons parques de campismo, sítios para desbravar e praias desertas. Na Costa Alentejana aconselho como sede o Parque da Praia da Galé antes de Melides. Tem acesso a pé a uma praia com o mar mesmo verde, ou se preferir mete-se no carro e vai à praia da Aberta A Nova que é praticamente deserta. Na Costa Vicentina faça sede no Parque de S. Miguel perto de Odeceixe, ou no Parque do Serrão logo antes de Aljezur. Nestes para ir à praia só de automóvel, mas vale a pena. Se nunca esteve numa praia em que haja praia de rio, extenso areal e praia de rochas tudo no mesmo local, vá conhecer a praia da Amoreira. Outra referência é a praia do Amado à Carrapateira.

Se sair na primeira quinzena de Agosto seja tolerante, a capacidade de resposta das estruturas dos parques à "grande invasão" não é ilimitada.

Para mais informações consulte o guia da Federação Nacional de Campismo. Divirta-se.

Autor : Victor Coimbra ( Setúbal ) ( Publicado na Revista da Ordem dos Médicos em Maio 95